segunda-feira, 30 de junho de 2008

Encontro da Rede Local de Permacultura - 5 Julho_Sabado - Qta Tapado_Fiais da Beira_Oliveira do Hospital






de

http://groups.google.com/group/ecolivingportugal

Olá a todos!

Versão Portuguesa

Lançada a semente, há uma semana, na Quinta dos Melros, as primeiras
folhas da Rede Local de Permacultura despontaram no domingo passado!

(A permacultura é um método holístico para planejar, atualizar
e manter sistemas de escala humana (jardins, vilas, aldeias e comunidades) ambientalmente sustentáveis,
socialmente justos e financeiramente viáveis.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Permacultura
http://en.wikipedia.org/wiki/Permaculture )


Aconteceu na Eco Casa Redonda da Quinta Cabeça do Mato, o segundo

encontro, no qual dezassete pessoas marcaram presença e continuaram a
discutir o conceito e a orgânica da Rede.


O grupo Terramoja http://grupoterramoja.wordpress.com/

partilhou
com os presentes o modo como o projecto poderá funcionar e a visão
relativa a uma futura Associação Portuguesa de Permacultura, projecto
que se espera poder surgir no horizonte caso a Rede Local de
Permacultura resulte e comece a expandir-se!

A ideia de criar uma newsletter com informações sobre as actividades
da Rede também mereceu uma enorme aceitação dos presentes, que não se
coibiram de dar ideias e contribuíram, inclusive, com alguns
textos/artigos para a primeira edição, que deverá arrancar após o
próximo encontro em formato simples. Quem estiver interessado em
enviar textos ou artigos, poderá fazê-lo para o seguinte e-mail:
terram...@gmail.com.

Relativamente às famosas «mingas», que não são nem mais nem menos do
que os sub-grupos de trabalho a operar nas quintas da Rede, ficou
decidido que deverão funcionar baseados numa lógica de proximidade
local, de modo a reduzir o mais possível os custos da
gasolina/gasóleo, assim como o tempo das viagens. Foram igualmente
partilhadas as experiências com as «mingas» no passado e como são
valorizadas, sobretudo em função dos fortes laços que se criam entre
quem nelas participa e quem possui uma quinta ou/e vive da Mãe-Terra.

Há sempre algo a fazer!

Tendo isto em mente, decidiu-se organizar a
primeira «Minga» na quinta do Dirk e da Christine, a Quinta do Tapado,
onde irá decorrer a próxima edição do Vida Verde (mais informações
sobre este evento nos sites vidaverde.eco-gaia.net e
groups.google.com/group/dragons-place/web/introduction?hl=pt-PT).

O encontro da Rede terá lugar no dia 5 de Julho; os trabalhos arrancam
às 9h30. Após o almoço, por volta das 15h00, no mesmo local,
realizar-se-á então o terceiro encontro da Rede Local de Permacultura.

Por último, foi igualmente sugerida a criação de uma base de dados
destinada a partilhar informação, que possa ajudar as pessoas
envolvidas a estar em contacto entre si - a localização é um dado
fundamental neste projecto - com a regularidade que desejarem.

Para
facilitar a optimização dos dados, foi elaborado um pequeno
formulário, que segue anexado a este mail.

Quem preferir, poderá dar
os seus dados pessoalmente (ou em papel) no próximo encontro, na
Quinta do Tapado, cujos contactos são os seguintes:
Morada: Quinta do Tapado, 3405/077 Fiais da Beira
Telefone (fixo): 238648048
Telefone Móvel: 966728293

Consulte o mapa copiando este link
http://maps.google.com/maps/ms?ie=UTF8&hl=en&msa=0&msid=1127933531500...

Vem partilhar connosco a alegria de trabalhar em equipa!
Traz muita
energia, comida, histórias, música e ideias!

Vemo-nos, então, na Quinta do Tapado!

quinta-feira, 19 de junho de 2008

domingo, 25 de maio de 2008

terça-feira, 13 de maio de 2008

PAULO FREIRE: A leitura do Mundo

PAULO FREIRE: A leitura do Mundo



"Ivo viu a uva", ensinavam os manuais de alfabetização. Mas o professor
Paulo Freire, com o seu método de alfabetizar conscientizando, fez adultos e
crianças, no Brasil e na Guiné-Bissau, na Índia e na Nicarágua, descobrirem
que Ivo não viu apenas com os olhos. Viu também com a mente e se perguntou
se uva é natureza ou cultura.



Ivo viu que a fruta não resulta do trabalho humano. É Criação, é natureza.
Paulo Freire ensinou a Ivo que semear uva é ação humana na e sobre a
natureza. É a mão, multiferramenta, despertando as potencialidades do fruto.
Assim como o próprio ser humano foi semeado pela natureza em anos e anos de
evolução do Cosmo.



Colher a uva, esmagá-la e transformá-la em vinho é cultura, assinalou Paulo
Freire. O trabalho humaniza a natureza e, ao realizá-lo o homem e a mulher
se humanizam. Trabalho que instaura o nó de relações, a vida social. Graças
ao professor, que iniciou sua pedagogia revolucionária com trabalhadores do
Sesi de Pernambuco, Ivo viu também que a uva é colhida por bóia-frias, que
ganham pouco, e comercializada por atravessadores, que ganham melhor.



Ivo aprendeu com Paulo que, mesmo sem ainda saber ler, ele não é uma pessoa
ignorante. Antes de aprender as letras, Ivo sabia erguer uma casa, tijolo a
tijolo. O médico, o advogado ou o dentista, com todo o seu estudo, não era
capaz de construir como Ivo. Paulo Freire ensinou a Ivo que não existe
ninguém mais culto do que o outro, existem culturas paralelas, distintas,
que se complementam na vida social.



Ivo viu a uva e Paulo Freire mostrou-lhe os cachos, a parreira, a plantação
inteira. Ensinou a Ivo que a leitura de um texto é tanto melhor compreendida
quanto mais se insere o texto no contexto do autor e do leitor. É dessa
relação dialógica entre texto e contexto que o autor e do leitor. É dessa
relação dialógica entre texto e contexto que Ivo extrai o pretexto para
agir. No início e no fim do aprendizado é a práxis de Ivo que importa.
Práxis-teoria-práxis, num processo indutivo que torna o educando sujeito
histórico.



Ivo viu a uva e não viu a ave que, de cima, enxerga a parreira e não vê a
uva. O que Ivo vê é diferente do que vê a ave. Assim, Paulo Freire ensinou a
Ivo um princípio fundamental da epistemologia: a cabeça pensa onde os pés
pisam. O mundo desigual pode ser lido pela ótica do opressor ou pela ótica
do oprimido. Resulta uma leitura tão diferente uma da outra como entre a
visão Ptolomeu, ao observar o sistema solar com os pés na Terra, e a de
Copérnico, ao imaginar-se com os pés no Sol.



Agora Ivo vê a uva, a parreira e todas as relações sociais que fazem do
fruto festa no cálice de vinho, mas já não vê Paulo Freire, que mergulhou no
Amor na manhã de 2 de maio de 1997. Deixou-nos uma obra inestimável e um
testemunho admirável de competência e coerência.



Paulo deveria estar em Cuba, onde receberia o título de Doutor Honoris
Causa, da Universidade de Havana. Ao sentir dolorido seu coração que tanto
amou, pediu que eu fosse representá-lo. De passagem marcada para Israel, não
me foi possível atendê-lo. Contudo, antes de embarcar fui rezar com Nita,
sua mulher, e os filhos, em torno de seu semblante tranqüilo: Paulo via
Deus.



Frei Betto é escritor.


http://www.joseferreira.info/


http://www.paulofreire.org