VALORES DO COLCURINHO
(Mais Gastronómicos)
Montes, ares, paisagens,
Vales, silêncio profundo!
Estradas, ventos, pastagens.
E a melhor água do mundo.
Castanheiros seculares,
Que dão sombra e castanha;
A que engorda o javali,
Que já é quem mais apanha!
Pão escuro de centeio.
O pão nosso desta Serra.
O que já valeu ouro
No tempo feio da guerra.
Cabradas de antigamente,
Belo cabrito assado!
"Somos burros minha gente
Se não voltamos ao gado!"
Queijo fresco, só de cabra,
Servido com mel a gosto:
É o único que causa
Um sorrisinho no rosto ...
Bacalhau à Lagar Velho,
Com muito azeite novo!
A acabar numa tocata,
No seu regresso ao povo!
Aguardente de medronho,
É boa e sabe bem!
Sendo "só dez reis dela"
Nunca faz mal a ninguém!
Carolos com leite e mel.
- Arroz doce do Chão Novo!
O melhor que é a pele,
Deste recurso do povo.
Chanfana do Santo Antão,
Temperada em alguidares:
À moda da tradição
Supera a de Poiares!!
Queijo de cabra, curado,
"O que se deixa comer!"
Por tão raro no mercado,
Só precisa aparecer!
Mel da urze, das Uchas,
Deitado na bola quente,
São migas "que fazem peito"
Com vinho ou aguardente.
O bucho, o tal manjar,
O que as gentes de perto,
Até usavam levar
Ao Santo Antão no deserto!
Leito coalhado com mel,
Foi recurso e foi usado!
Em Espanha é de hotel,
Cá, já é ignorado! ...
Coscoreis amarelinhos,
Os amassados com ovos.
São bolos do Colcurinho
Já comuns a outros povos.
O "Doutor" Champorrião,
O hidromel dos Romanos;
Que cura a constipação
E faz viver muitos anos!
O sino do Colcurinho,
Última voz que lá resta:
Que chama o Chão Sobral,
P'ra lhe ir fazer a festa!
A Festa do Santo Antão,
Com febras e feijoada,
Bombos, missa e leilão,
Fogueira e desgarrada!!
Versos de José Ramiro, escritor de Chão Sobral (2008).
quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008
Valores do Colcurinho (Mais gastronómicos)
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